Temperamentos: Como reagimos ao mundo?
- Lorena Lamas

- 14 de nov.
- 2 min de leitura
Nossa maneira de responder às situações, às pessoas e aos acontecimentos é moldada por muitos fatores, e um deles é o nosso temperamento.

Foto: Andrea Piacquadio/Pexels
Embora frequentemente se fale em ações e comportamentos, na Antroposofia o temperamento não descreve o que fazemos no mundo, e sim como reagimos a ele. É um modo de sentir, perceber e responder às experiências — algo que colore nossa presença no mundo, mas não define nosso caráter nem nosso valor moral.
Os quatro temperamentos são o colérico, o sanguíneo, o melancólico e o fleumático. Rudolf Steiner aprofundou essa compreensão ao mostrar que eles se manifestam com maior clareza no segundo setênio, entre os 7 e 14 anos. Nessa fase, em que o corpo etérico se liberta e a criança começa a formar uma relação mais anímica com o mundo, o temperamento aparece de forma mais pura, espontânea e autêntica.
É importante lembrar que ninguém é “puro” em um único temperamento. Todos nós carregamos os quatro, como uma mistura de temperos internos, e o que muda é qual deles se sobressai. Um temperamento dominante não nos limita, mas amplia nossa auto-observação. E, ao longo da vida, o verdadeiro caminho de desenvolvimento não é reprimir o temperamento, mas harmonizá-lo, trazendo flexibilidade e equilíbrio.
Para identificar o nosso temperamento predominante, uma chave valiosa é olhar para a nossa própria infância, especialmente para as brincadeiras que mais gostávamos e para a forma como participávamos da escola. Entre os 7 e 14 anos, essas manifestações são especialmente reveladoras.
Brincadeiras e papéis favoritos:
Nessa fase, a criança expressa o temperamento de forma muito direta.
• Sanguíneo: prefere brincadeiras de grupo, troca rápida de papéis, movimento e imaginação viva.
• Colérico: busca liderança, desafios, competições e objetivos claros.
• Melancólico: tende a brincadeiras solitárias ou profundas, mergulhado em mundos internos e sensíveis.
• Fleumático: aprecia atividades repetitivas, tranquilas, ambientes estáveis e gosta de observar ou cuidar.
Participação na escola:
O ambiente escolar também evidencia traços muito claros.
• Sanguíneo: atenção oscilante, grande interesse pelo novo.
• Colérico: presença marcante, firmeza de opinião, iniciativa.
• Melancólico: introspecção, sensibilidade, perfeccionismo e autoexigência.
• Fleumático: calma, constância, humor estável e ausência de pressa.
Essas duas observações — as brincadeiras e a postura em sala de aula — oferecem pistas profundas e honestas sobre o temperamento predominante que carregamos.
Compreender nosso próprio temperamento, e saber reconhecer o dos outros, abre espaço para relações mais suaves, mais humanas e mais verdadeiras. Ao perceber como cada um reage ao mundo, cultivamos respeito, empatia e um caminho de convivência mais consciente.
No panorama biográfico podemos pesquisar nosso segundo setênio, entendendo nosso temperamento e acompanhando como ele se desenvolveu ao longo de nossa vida.
Bibliografia sugerida para se aprofundar no tema:
O Mistério dos Temperamentos: As bases anímicas do comportamento humano — Rudolf Steiner; Editora Antroposófica
Os Temperamentos — Norbert Glas; Editora Antroposófica



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