A biografia de Hilma af Klint
- Lorena Lamas
- 8 de jun.
- 33 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Na formação em Aconselhamento Biográfico, todos tem que escolher uma personalidade, já falecida, e apresentar sua biografia em classe, como forma de fortalecer o conhecimento sobre as leis biográficas.
Eu escolhi contar a vida da pintora sueca Hilma af Klint, hoje considerada a pioneira do abstracionismo - ao invés de Kandinsky, reescrevendo a história da arte…
Fiz uma pesquisa em livros e em podcasts tanto em português como em inglês, um documentário alemão, bem como muitas pesquisas online. Existem livros em sueco sobre a vida de Hilma af Klint, nos quais não pude pesquisar pela barreira do idioma.
Importante ressaltar que o texto do meu trabalho, o qual apresento a seguir, é baseado no que encontrei na biografia de Hilma af Klint escrita por Julia Voss. Julia Voss é alemã, jornalista e historiadora de arte, aprendeu sueco para mergulhar no mundo de registros de Hilma af Klint. Ela trouxe fatos objetivos, datas e documentos, que revelam o fio da vida de Hilma af Klint. Deixo o link para o livro na Amazon, edição em inglês.
Hilma af Klint {26 de outubro de 1862 - 21 de outubro de 1944}
82 anos de vida - 12 setênios
“Para alcançar a sabedoria, dois indivíduos devem viajar juntos, pois o caminho torna impossível que alguém prossiga sozinho.” Hilma af Klint, 1919 - 57 anos
Descrição de Hilma, dada por seu sobrinho Erik af Klint ao escritor Åke Fant, na década de 70.
"Hilma era uma pequena mulher magra, com postura reta e gestos vivos. Tinha traços finos, olhos azuis claros, um olhar franco e boca altiva. Era uma pessoa aberta, atenta e interessada em todos os acontecimentos de sua época. Independente, com dignidade e força de vontade, ela seguiu o caminho traçado pela vida com uma marcha segura. Não havia em sua natureza traços de sentimentalismo, vaidade ou pieguice. Ao contrário, ela era forte e bem equilibrada, além de ascética e vegetariana. Era exigente consigo, consciente de que possuia grandes forças espirituais que moldariam sua vida e a tornariam apta a missões transcendentes. Dizia: “Sou tão pequena, sou tão insignificante, mas dentro de mim transborda uma espécie de força que tem que seguir em frente". E prosseguia: “A vida é uma farsa se uma pessoa não serve à verdade".
Seu acervo contém mais de 1300 pinturas, em sua maioria não representativas. Além disso, ela nos deixou mais de 26 mil páginas de anotações em 124 cadernos - sempre relacionadas a sua obra. Hilma, em vida, se desfez de qualquer anotação ou diário que falasse do dia a dia dela. Ela queria deixar como legado de sua vida somente o seu trabalho.
Sua obra chegou aos olhos do público somente após 42 anos de sua morte, numa exposição em Los Angeles em 1986.
Sua maior exposição aconteceu em Outubro de 2018 (74 anos após sua morte) no Guggenheim de Nova York, atraiu mais de 600 mil pessoas e foi a maior exposição em visitantes da história do museu.
Contexto histórico e local onde nasce Hilma af Klint
A Suécia de então, 1862, era um país com regime monárquico (Karl XV - liberal e reformista), pobre e agrícola, com grandes desigualdades sociais, onde a cultura era monitorada por uma autoritária Igreja Protestante. Em 1872 assumiu o trono Oscar II - culto, poeta e patrono das artes, incentivou a literatura, ciências e inovação.
Não havia um sistema de esgoto desenvolvido e a iluminação era por velas, lamparinas, lampiões.
O ensino fundamental era obrigatório para meninas e meninos, porém, não era gratuito para todos. Meninos não pagavam.
As mulheres não podiam votar.
O talento não decidia as carreiras artísticas. Primeiro o artista tinha de ser homem, branco e de classe média…Os nobres não podiam ter uma carreira em arte…Nem as mulheres…mesmo que houvesse talento. A carreira artística não era proibida para as mulheres, mas elas também nunca eram encorajadas a trilhar este caminho ou reconhecidas dentro desta área. No livro de Julia Voss, ela levanta muitos exemplos de textos, livros e movimentos que foram contra as mulheres nas artes, ao longo da vida de Hilma… Bem como nas exposições de arte ao longo da história: primeiro as mulheres precisavam de pseudônimos e depois não ocupavam um lugar de destaque…
Zeitgeist no nascimento de Hilma af Klint
No mundo, algumas invenções e descobertas científicas estavam acontecendo na época em que Hilma nasce: máquina de costura Singer, giroscópio, princípio da fibra óptica, pasteurização, máquina de lavar roupas, primeiro plástico, dinamite, algumas armas…
E muitas pessoas importantes na história mundial, em diferentes áreas de atuação, chegaram junto com Hilma: Gandhi, Einstein, Marie Curie, Niels Bohr, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Jung, Freud, Villa-Lobos, Debussy, Machado de Assis, Khalil Gibran, Tarsila do Amaral, Kandinsky, Getúlio Vargas, Mussolini, Hitler, Lenin, Bezerra de Menezes, Helena Blavatsky, Rudolf Steiner, Aurobindo, Coco Chanel, Isadora Duncan… Pra citar alguns…
Durante sua vida, aconteceram muitas descobertas científicas e tecnológicas, de grande impacto na humanidade; conquistas de alguns de seus contemporâneos ou da geração anterior: telefonia, luz elétrica, raio-x, física quântica, divisão do átomo/fissão nuclear, magnetismo, carros (modelo T de Ford), avião, penicilina…
A vida de Hilma aconteceu na transição do século 19 para o 20. Na virada do século ela estava com 38 anos. Ela viveu metade da vida no século 19 e a outra metade no século 20.
Histórico familiar e árvore genealógica
A família de Hilma era da nobreza. O “af” de seu nome é uma partícula de nobreza, como o “von” em alemão, ou o “de”, em português.
Erik af Klint (o bisavô de Hilma que não nasceu af Klint),entrou com 18 anos para a marinha e serviu sua vida toda como navegador e cartógrafo de mapas náuticos. Seu filho Gustaf foi cartógrafo também, desenvolvendo muitos mapas da região dos mares bálticos, inclusive por conta própria. Em 1790, após a batalha de Vyborg contra a Rússia, o Rei Gustav III, em gratidão a Erik e seu filho Gustaf, concedeu aos Klints o título de nobreza, que então tornaram-se af Klint.
Antes de fazerem parte da marinha, ou seja, antes de Erik af Klint, os Klints eram da burguesia e trabalharam como fazendeiros, servidores civis, pastores, magistrados, entre outras ocupações, com pouca chance de ascender socialmente.
O pai de Hilma, Victor af Klint, primeiro a nascer “af", era então desta linhagem de navegadores e acadêmicos cartógrafos, já na terceira geração (antes dele seu pai, Gustaf, e seu avô, Erik).
E a mãe de Hilma, nascida Mathilda Sontag, veio da Finlândia, e pertencia à classe alta da Suécia.
Hilma af Klint foi a quarta criança a nascer na família de Victor e Mathilda
Primeiro setênio - 0 a 7 anos
Nasce em 26 de outubro de 1862, numa sexta-feira, dia de Vênus, sob o signo de Escorpião; O nome Hilma significa "protetora do povo, alma trabalhadora, prestativa e cuidadosa”; Seu pai Victor tem 40 anos, e sua mãe Mathilda tem 32 anos; Tem um irmão de 4 anos e uma irmã de 2 anos.
Nasce neste quartel, que é um palácio, em forma de H, possui um laranjal, um lago, fontes e labirintos no jardim (no estilo barroco francês), terraço de frente para o mar e uma Igreja.
Frequentava a pequena igreja em Adelsö e também a catedral de Estocolmo (os af Klint eram luteranos havia gerações), onde havia uma enorme estátua de madeira de São Jorge . Julia Voss escreve que São Jorge se tornaria o alter ego da Hilma. São Jorge teve impacto na Hilma e apareceu nas suas pinturas e textos. Ver a obra The Dove, 1915.
6 anos: se muda do quartel militar para um apartamento numa rua próxima.
A família vivia em Estocolmo e no verão ia para sua residência de férias na ilha de Adelsö. A congregação com a qual mais se conectavam também estava em Adelsö: uma pequena igreja de paredes de pedra. No cemitério desta igreja estão os restos mortais do avô e de um dos tios de Hilma.
Julia Voss, biógrafa de Hilma escreve que “Tornar o invisível visível. Isso se tornaria um leitmotiv na obra de af Klint, e também é uma característica notável das cartas náuticas."
A Hilma tem muita influência dos mapas, da cartografia, na vida e no trabalho dela. Costumava desenhar e pintar mapas nos seus cadernos de anotações, bem como vários elementos desse mundo marítimo aparecem na obra dela, como por exemplo, o náutilo, uma concha primitiva (molusco cefalópodes) que ainda vive nos oceanos - chamado de fóssil vivo - e atualmente simboliza o desenvolvimento espiritual e a complexidade dos pensamentos.
Segundo setênio - 7 a 14 anos
Victor e Mathilda eram liberais quanto à educação de suas filhas mulheres, bem como de sua escolha religiosa. Mesmo sendo luteranos, não proibiam o conhecimento de outras formas de espiritualidade e rejeitavam dogmatismos.
8 anos: nasce a irmã mais nova de Hilma, Hermina.
~ é criada uma lei na Suécia: as mulheres solteiras acima de 25 anos eram consideradas adultas maiores de idade e poderiam ter uma profissão.~
10 anos: estudava na Escola Normal para Meninas; Hilma escreveu sobre a escola, em 1943 (com 81 anos): “Não consigo me lembrar de muita coisa a não ser de que aquela escola me causou pesar.”
12 anos: dava aula de catecismo na Escola Dominical durante os verões que passava em Adelsö.
~ Neste setênio Hilma tem uma visão de 2 caixões dentro do seu quarto, e em cada um deles um ano. Nesses anos específicos ela ficou muito doente e quase morreu… ~não há datas específicas.
Terceiro setênio - 14 aos 21 anos
17 anos:
terminou o ensino médio.
iniciou aulas de pintura na Escola Técnica, em preparação para a aplicação da Academia Real de Belas Artes de Estocolmo, onde conheceu Anna Cassel.
Começou aulas particulares na escola de pintura da professora Kerstin Cardon; Hilma escreveu sobre esse momento em 1943 (com 81 anos): “Então eu comecei no caminho da arte, o que me fez mais feliz".
começou a participar das primeiras "seances”(sessões para comunicação com espíritos) com Bertha Valerius; segundo seu sobrinho, Erik, ela frequentou seances até mais ou menos os 20 anos e depois se afastou um pouco.
Hilma participou de uma sessão espiritual organizada por Bertha Valerius, na qual se discutiu um novo tipo de arte e foi anunciado que, no futuro, pintar significaria "deixar brilhar a luz que o artista forma em seu próprio espírito".
~ O documento mais antigo no arquivo de Hilma af Klint é um caderno de anotações de comunicações com o mundo espiritual de Bertha Valerius (datado de 1879-1882). Talvez Bertha foi a primeira mentora de Hilma no conhecimento do mundo espiritual e Julia Voss acredita que o caderno foi um presente de Bertha a Hilma. Bertha Valerius foi uma fotógrafa muito bem sucedida, que tirava retratos da nobreza e da realeza. Ela vivia do seu trabalho, nunca se casou ou teve filhos. Circulava muito bem dentro da realeza, nobreza e alta sociedade. Ela conduzia sessões onde pessoas da alta sociedade e da realeza frequentavam. As sessões eram muito discretas e secretas. ~ Neste caderno tem uma msg de um espírito dizendo que uma nova época na arte iria começar…
~ambas Bertha e Kerstin eram artistas graduadas pela Academia Real de Belas Artes de Estocolmo~
18 anos: duas semanas antes de completar 18 anos, acontece a morte da irmã Hermina (aos 10 anos). Tudo indica que de pneumonia.
20 anos:
Estudou na Academia Real de Belas Artes de Estocolmo.
Se afasta das sessões espíritas, que eram comumente comunicações com pessoas já falecidas.
Quarto setênio - 21 aos 28 anos
Quando adulta, media 1.57m.
Era baixa e magra, de aparência frágil. Tinha olhos azuis muito claros e límpidos, como os do pai Victor. Tímida e cuidadosa antes de entrar em contato com novas pessoas. Observadora e minuciosa. Tinha muita força e determinação.
24 anos:
Mostra suas pinturas convencionais em mais de 24 exposições diferentes, a maior parte delas organizadas pela Associação Geral de Arte Sueca. Esse movimento dura até seus 52 anos (28 anos expondo seu trabalho).
Recebe uma mensagem do mundo espiritual, através de Bertha Valerius. A mensagem:"Quero falar com Hilma. Sou seu espírito guardião e seu aperfeiçoamento é minha tarefa. Deus esteja com você, meu filho! Uma luz clara chegou ao seu caminho. Não o deixe ser ofuscado pela escuridão da dúvida, mas vagueie feliz e humilde em seu brilho, agradecendo ao Senhor por seu amor infinito. Não tema, mesmo que ouça vozes que querem assustá-lo, por causa da luz. Estas são as tentações que você deve rejeitar, para uma criança que acredita que nunca precisa temer."
Durante uma nova canalização conduzida por Bertha Valerius, o espírito Eon previu que as pinturas do futuro "reproduziriam a inspiração pura e superior" e que "expressões completamente diferentes emergiriam dos praticantes da arte".
26 anos:
Formou-se na Academia Real de Belas Artes de Estocolmo.
Recebeu um prêmio da Academia por pintura com modelo humano, provavelmente por sua obra em óleo Andrômeda ao Mar, submetida a um concurso da Academia com esse tema mitológico.
Participa regularmente de exposições de arte coletivas.
Quinto setênio - 28 a 35 anos
28 anos:
Viagem para Bélgica e outros países como Holanda, Alemanha e Noruega.
Torna-se membro da Sociedade Edelweiss (Edelweiss-förbundet) - associação espiritualista, que era aberta para participantes.
29 anos:
Recebe mensagens de seres espirituais pela primeira vez, num primeiro momento através de um psicógrafo, mas depois, através da vida, naturalmente e diretamente a ela.
"Minha primeira experiência com mediunidade ocorreu no outono de 1891, quando a pintora Valborg Hällström estava usando um psicógrafo em seu estúdio e meu interesse foi despertado. Perguntei se algumas palavras poderiam ser ditas para mim através do instrumento. Foi dito imediatamente: Vá com calma no seu caminho e quando eu queria mais explicações, elas continuaram através da vida." Nota em caderno de Hilma af Klint, em raro relato autobiográfico.
Hilma recebeu uma mensagem espiritual que lhe dizia para seguir seu caminho "calmamente" e lhe prometia que receberia um dom.
Ganhou uma bolsa de estudos da Academia Real de Belas Artes de Estocolmo.
Cai de um cavalo, machuca-se nas costas e recebe instruções dos espíritos de como se cuidar.
30 anos: segundo a família há um pretendente a casamento, o Dr. Helleday.
33 anos: Durante uma sessão espírita da Sociedade Edelweiss, num domingo de Páscoa, é fundado o grupo espiritualista As Cinco (De Fem), composto por Sigrid Hedman, Cornelia Cederberg, Mathilda Nilsson, Anna Cassel e Hilma af Klint. Seus encontros são registrados em 9 cadernos com textos e desenhos automáticos que vão de 1896 até 1907. Dos 33 aos 45 anos de Hilma. Era um grupo fechado. Na fundação não era a líder do grupo As Cinco, e no começo, as mensagens não chegavam através dela. É importante dizer que o grupo se reunia semanalmente, e que chegavam muitas mensagens que eram registradas nos cadernos, e muita coisa não dizia nada… não era possível entender um sentido. Mas muitas mensagens também eram bem estruturadas e falavam acima de tudo de espiritualidade. Desenhos automáticos também eram muito comuns. As notas e registros sugerem que Hilma ficou com um papel passivo por muito tempo, no grupo.
Sexto setênio - 35 a 42 anos
36 anos: Morre o pai, Victor af Klint.
37 anos:
Muda-se com a mãe, Mathilda af Klint, para um novo endereço, em Estocolmo.
Ela tem o nome listado na lista telefônica: “Hilma af Klint, artist”.
38 anos: Faz ilustrações para um livro sobre cirurgia de cavalos junto com Anna Cassel.(muito contato com órgãos reprodutivos)
39 anos:
tenta registrar mensagens ela mesma, mas falha.
Nasceu o sobrinho Erik af Klint em 12 de março de 1901.
Recebe mensagens fora do grupo: um espírito diz a ela: “entregue-se completamente, eu te ajudarei, em breve você se tornará um médium”.
Conhece a amiga Sigrid Lancen, uma professora de atletismo 10 anos mais nova que Hilma.
41 anos:
torna-se vegetariana pois recebe uma mensagem - “você não pode imaginar o grande mal que está causando a si mesmo ao comer carne”.
Aluga um ateliê.
Colabora com ilustrações e aquarelas para livros de criança.
Criou padrões para bordados.
(1903)Viaja para Itália com Anna Cassel. Florença, Veneza, Verona, Milão, Roma… Hilma registra a viagem bem como faz vários desenhos em um pequeno caderno quadrado. Visitas a museus e Igrejas - obras de arte da Renascença. A prova de que Anna estava com ela é bem inusitada: nesta viagem, as duas compraram um colar para a amiga Gusten - Magdalena Augusta Andersson - que guardou o colar e deixou uma nota registrando de quem havia ganhado o presente e quando, sendo então o registro de que as duas foram juntas para Itália.Esta viagem, oferecendo a Hilma uma vivência de arte, experimentando em cada pintura a óleo, afrescos, esculturas diversas, artes em mármore, terracota, cobre ou bronze, demonstrava o supernatural se manifestando na vida cotidiana. Livro Julia Voss: Como Santo Agostinho disse: “per visibilia ad invisibilia”- do visível para o invisível. Como os pintores da idade média e renascentistas acreditavam: “a arte era uma porta de entrada que os humanos podiam acessar para apreender o mundo divino”.
Começa a desenhar e escrever nas sessões do grupo As Cinco. Desenhou um retângulo e uma esfera, e teve a explicação que tratava-se de “expressões da vida".
42 anos:
Hilma e suas colegas no grupo As Cinco usavam um broche: uma cruz de prata com uma rosa no centro. O sobrinho de Hilma, Eric, lembraria mais tarde que ela usou o broche pelo resto da vida.
por 8 anos o grupo estava registrando palavras e imagens, Hilma quase sempre como ouvinte das sessões e mais recentemente ativa…
Recebe pela primeira vez previsões do ser espiritual Ananda sobre a realização de “pinturas astrais”. A mensagem dizia para Hilma “olhar para imagens antigas". Msg completa: “Ananda também reza por você, Hilma. Você deve descansar por dias, em silêncio e quietude. Olhe para imagens, imagens antigas, imagens que esperam por você. Apenas tenha paciência, então você será guiada, com calma e segurança, para o objetivo que está diante de você.”
Hilma, juntamente com Anna Cassel, começa a registrar mensagens em outros cadernos, além dos cadernos do grupo As Cinco. Elas entendem que é necessário agir, diferentemente das outras integrantes do grupo.
Junta-se à Sociedade Teosófica em maio.
Sigrid Lancen se torna inquilina de Hilma, no mesmo espaço onde morava com sua mãe.
~ Trecho do livro de Julia Voss: “Seus lápis registravam espirais, círculos e ziguezagues, além de flores e cruzes, e às vezes até contornos de barcos, pessoas ou olhos. As páginas de seus cadernos estavam repletas de letras e sinais ocultos. Até mesmo as membros mais jovens, Cassel e af Klint, participavam ativamente das sessões, escrevendo e desenhando mensagens junto com as demais.
O que era evidente para o grupo era que as intenções dos Seres Superiores eram benevolentes. Os textos registrados sempre sugerem uma atitude amigável, falando de paz, amor, modéstia, humildade, ou de aprendizado e tarefas futuras. Com o passar dos anos, as mensagens variaram em conteúdo, levando a mudanças no grupo, mas nunca a turbulências. Às vezes, uma mensagem indicava que um tempo de preparação estava surgindo, que As Cinco deveriam se preparar — mas para quê? Especificidades nunca eram articuladas, e o tema acabava sendo deixado de lado.”~
Sétimo setênio - 42 a 49 anos
43 anos:
Recebia mensagens com Anna Cassel e também com o grupo As Cinco. Numa das sessões com o grupo, o desenho automático de um grande nautilus foi feito. Nautilus sendo um dos seres mais antigos da Terra, e que ainda vivem. (old images)
Recebeu uma resposta direta dos espíritos sobre uma pergunta que havia feito: “resposta direta à minha pergunta se eu havia transferido meu trabalho para o campo da pintura: a resposta foi sim”.
Participa de festa de aniversário da escritora Ottilia Adelborg, pra quem ilustrava, e estava vestida como o personagem principal do livro infantil mais famoso de Ottilia: Pelle Snygg.
44 anos:
Em janeiro, o ser espiritual Amaliel oferece-lhe uma missão, que ela aceita imediatamente. Após um período de preparação, em novembro inicia o ciclo Pinturas para o Templo, com a primeira série, Caos Primordial - 26 pinturas.
Começa a realizar pinturas em várias séries e grupos.
Asket / Vestal: As amigas performam um ser dual - Hilma assume a identidade de um ser masculino - Asket, e Anna Cassel era Vestal, o ser feminino. Esse aspecto dual, feminino e masculino, é um tema recorrente na obra de Hilma. Ao longo de sua vida ela irá formar pares com outras mulheres, durante as sessões e também representar isso nas pinturas.
45 anos:
Pinta as séries Eros, Pinturas de Grandes Figuras e As Dez Maiores. As Dez Maiores eram enormes (3,28mx2,40m), 2x o tamanho da Hilma. Possivelmente pintava no chão. Ela teve ajuda de uma outra integrante do grupo As Cinco, Cederberg. Começou as 10 maiores em 2 de outubro e terminou em 7 de dezembro. Mensagens dos espíritos quando ela terminou: “Agora você completou um trabalho tão glorioso que cairia de joelhos se entendesse.”
Trabalha também em um grande ateliê coletivo, numa zona privilegiada de Estocolmo, acima do Café Blanch - na época o lugar onde os artistas se encontravam e a cultura acontecia. As colegas de ateliê não achavam as pinturas de Hilma apropriadas...Encorajavam ela a não mostrar seu trabalho não representativo.
Hilma agora já era a líder do grupo As Cinco.
O grupo As Cinco começou a crescer - os espíritos deram carta branca a Hilma, para permitir a entrada de quem ela queria.Importante novo membro Gusten Andersson ( a do colar da Itália), fazendo uma nova dupla com Hilma, como Anna fazia. Hilma - Rose, Gusten - Lilly.
Sigrid Lancen instigou contato físico, porém os espíritos aconselham Hilma: “para não sofrer danos por meio de toques descuidados”
~ Crise de relacionamento entre as colegas do grupo As Cinco… Gusten era apaixonada por Hilma, mas Hilma não correspondia. Escreveu em seu caderno de notas no fim do ano, quando terminou Pinturas de Grandes Figuras: “a essência da minha vida era uma verdade espartana versus o amor espartano de Gusten.” Ainda neste ano, houve uma tentativa de Hilma de fazer uma cerimônia performática sobre Pinturas de Grandes Figuras, e ninguém topou…porém, ela teve uma visão desta cerimônia.. onde Hilma descreve quem é quem nas Pinturas de Grandes Figuras, sendo o homem Hilma e a mulher Gusten. Sentiu-se destruída sem seu trabalho e teria sido terrivelmente difícil. ~
“As pinturas foram feitas diretamente por mim, sem desenhos preliminares e com grande força. Eu não tinha ideia do que as imagens deveriam representar; no entanto, trabalhei com rapidez e precisão, sem alterar uma única pincelada”, disse Hilma af Klint sobre suas Pinturas de Grandes Figuras.
Nas quatro primeiras pinturas deste grupo, cujo formato é menor e mais vertical que as demais, o masculino e o feminino são separados e conectados por elementos como uma espiral ou, como na quarta pintura, por uma fileira de figuras humanas, o que cria uma composição triangular. Nessa pintura, o homem amarelo à esquerda representa af Klint, e a mulher com um manto azul sutil à direita aparentemente retrata o artista Gusten Andersson, que também fazia parte do círculo íntimo de espiritualistas de af Klint. Após a quinta pintura, o formato torna-se maior e quadrado, e a figuração dá lugar à abstração. Masculino e feminino se fundem em uma evolução que culmina na imagem de um altar com uma rosa no meio da cruz, como a que Af Klint usava em suas sessões espíritas. Essas pinturas refletem a ideia teosófica de que a vida consiste na busca pela união de forças opostas.
46 anos:
Hilma segue aceitando encomendas de pinturas "comerciais". Uma nota em seu caderno diz: “Ao mesmo tempo, eu estava trabalhando em um retrato; a divisão da minha personalidade era quase insuportável”. Uma vida dual. Ela continuava expondo seu trabalho como pintora em várias exposições…
Pinta mais três séries, incluindo Evolução. Em abril, a primeira parte de Pinturas para o Templo já contava com 111 quadros.
Sua mãe fica cega, e af Klint abandona o ateliê.
Vai a uma palestra de Rudolf Steiner pela primeira vez, em Estocolmo; Aborda Rudolf Steiner com questões sobre os Rosacruzes.
Neste verão, se corresponde por carta com Steiner, escrevendo num inglês errado. Ela explica que seu seu "professor” indicou que ela buscasse por Steiner para entender o trabalho que ela estava fazendo… Então Steiner responde que não estava evidente o que ele deveria fazer, visto que ela confiava tanto em seu professor…
Começa a desenvolver um interesse vitalício pelos ensinamentos de Steiner.
As notas sugerem que o grupo As Cinco parou de se encontrar.
Faz uma pausa de quatro anos na missão de Pinturas para o Templo (até seus 50 anos). Porém seguia com pinturas "comerciais” e também a expor seu trabalho.
~Segundo uma narrativa muito repetida, Rusolf Steiner teria previsto que as pinturas seriam compreendidas apenas cinquenta anos depois e criticado Hilma por usar sua mediunidade para pintar. Isso a lançou em uma crise, segundo a história, e ela parou de pintar por quatro anos. Esta narrativa é rastreada até o livro de Åke Fant. Porém, segundo a pesquisa da escritora Julia Voss, Hilma nunca registrou estar desapontada ou que Rudolf Steiner teria sugerido que suas pinturas encontrassem uma audiência dali a 50 anos… Existem alguns registro dos comentários de Rudolf Steiner, que não tem nada a ver com essa estória e também não tem data… ou seja, talvez eles não tenham se encontrado em 1908, quando Hilma tinha 46 anos.. Um dos registros sobre os comentários de Rudolf Steiner, mas não tem a data, é que Hilma perguntou a Steiner que tipo de seres ela estava em contato, e ele respondeu: Você não pergunta isso!~
47 anos:
Uma mensagem chegou dizendo que Sigrid Lancen deveria se tornar uma aprendiz dos espíritos superiores, ao lado de Hilma.
Um novo grupo se formou, chegando a quase 13 membros. Remanescente do grupo As Cinco, somente Hilma e Anna Cassel.
48 anos:
Provavelmente em janeiro, mostra a Rudolf Steiner obras pertencentes a Pinturas para o Templo. Steiner dá palestras em Estocolmo de 3 a 15 de janeiro, sobre o Evangelho de João.
Af Klint junta-se à Associação de Mulheres Artistas Suecas (Föreningen Svenska Konstnärinnor) e atua como secretária até 22 de abril de 1911.
Pinta retratos do físico Knut Angström e do linguista Johan August Lundell, e exibe uma pintura convencional na Exposição de Norrköping de 1910.
49 anos:
Apesar de não produzir pinturas astrais, os encontros espirituais continuavam e tudo era anotado e registrado por Hilma.
Encontra o já conhecido escultor Frank Heyman (que era adorado por Steiner). Eles compartilhavam muitas visões de mundo, estudavam teosofia, etc.
Os espíritos aconselham Hilma a buscar a ajuda de Heyman para interpretar suas pinturas espirituais, mas este, como Steiner, recusou.
Renuncia ao cargo da Associação de Mulheres Artistas Suecas para poder se concentrar em produzir algo para a juventude, ou seja, a nova geração.
Oitavo setênio - 49 a 56 anos
50 anos:
Retoma o trabalho em Pinturas para o Templo com estudos preparatórios e a série Uma Série Feminina. Pintou 7 pequenas imagens de uma mulher que Hilma chamou de série feminina e 7 pinturas ascetas. Não tenho imagens desta série.
Ela retoma as pinturas e afirma que agora tem mais autonomia pra fluir com cores e formas, assumindo um papel mais direto na criacao das pinturas.
Participa da conferência de Pentecostes da Sociedade Teosófica em Norrköping (cidade na Suécia), de 28 a 30 de maio de 1912, onde Rudolf Steiner também palestra.
Aluga uma casa de verão em Munsö com um grupo de amigas, a casa ficava à beira de um lago e era cercado de pinheiros - era chamada de Furuheim (casa dos pinheiros). Tão próximo de Adelsö que podia ser alcançada com barco a remo.
O grupo As Cinco estava em uma boa fase, sem conflitos internos, e com muita produção e divisão de tarefas de acordo com suas características, definidas pelos espíritos. Segundo as notas, os espíritos disseram sobre Hilma: “poder, humildade, amor, pequenez, também a palavra é sua”, e sobre Gusten: “humildade, gentileza, paciência e paz".
Durante Pentecostes, viajaram para uma cidade onde Steiner estaria palestrando. As notas sugerem que elas fizeram sessões privadas e numa delas Hilma explica: "Os poderes vêm de dentro, não de fora", explicou Hilma e traçou um paralelo com a concha na qual um simples grão de areia pode crescer em uma pérola.
Anna Cassel começa seu próprio caderno e também a fazer pinturas.
51 anos:
Compra a casa à beira do lago chamada Furuheim, na ilha de Munsö (seu irmão comprou sua parte na propriedade de Adelsö).
O grupo As Cinco recebe uma mensagem revelando que Munsö havia sido o primeiro lugar onde o cristianismo foi trazido aos Vikings, e que elas (Anna Cassel, Emilia Giertta, Gusten Andersson e Hilma) agora faziam parte de uma tradição que incluía São Ansgar, o Apóstolo do Norte, que teria trazido o cristianismo aos vikings no século IX.
Pinta muitas aquarelas do lago em Munsö.
Pinta a série US. Hilma pinta a Série US. Anos mais tarde ela escreve em seus diários que Sigrid foi certamente quem inspirou estas pinturas. e começa a série A Árvore do Conhecimento (semanas depois da mensagem sobre São Ansgar). Esta série de pinturas foi, segundo Julia Voss, inspirada por Rudolf Steiner. Hilma tinha uma cópia da transcrição da palestra proferida por Steiner na ocasião da fundação da Sociedade Antroposófica. Nessa palestra Steiner fala que o cérebro é a porta de entrada através da qual se chega à árvore cósmica. Steiner descreve a árvore como tendo "raízes subindo" e "Ramos descendo"; suas folhas "são as folhas do livro Veda, que, juntas, produzem o conhecimento Veda" os ensinamentos sagrados dos hindus, sobre os quais af Klint já havia feito anotações. O discurso de Steiner se estende da Índia à Europa, do hinduísmo ao cristianismo, do Livro do Apocalipse à medicina, do corpo etérico à medula espinhal.
Exibe dezessete pinturas espirituais em uma exposição de arte organizada pela Sociedade Teosófica em Estocolmo, em junho, na qual Anna Cassel também participa. - Pinturas representativas… Nenhum trabalho abstrato de Hilma foi selecionado para a exposição.
Registros em cadernos de Sigrid Lancen sobre amor físico entre elas. Lancen também registrou ter dito a Hilma: Você é a contraparte feminina de São Jorge.
No fim do ano, Steiner renuncia da Sociedade Teosófica e em 1913 funda a Sociedade Antroposófica.
52 anos:
Exibe uma pintura acadêmica na Exposição Báltica em Malmö. Foi uma pintura representativa e marcou o fim de décadas em exposições em associações.
Estoura a Primeira Guerra Mundial, e af Klint inicia a série O Cisne (as mais sombrias de seu obra). O Cisne: símbolo ocultista trabalhado por Blavatsky no livro A doutrina secreta. Tem ligação com a leminiscata…que segunda ela: uma lemniscata representa as evoluções descendentes, do Espírito para a matéria.
Transformações nas pinturas de af Klint: mais elementos geométricos e também trabalhos relacionados/inspirados a autores… Steiner e Blavatsky.
Aluga novo ateliê em Estocolmo (1914–15).
Hilma e Lancen, quando juntas de mãos dadas, recebiam mensagens através de Hilma, referente a um ser uno, que contém ambos sexos, é um ser dual, como o Adão primitivo, que continha Eva dentro dele. Novamente um casal se forma como vestal e asceta, rosa e lírio, agora Adão e Eva.
Primeiro registro de Thomasine Anderson nos livros do grupo As Cinco, como a décima terceira integrante.
53 anos:
Conclui as séries A Árvore do Conhecimento e O Cisne.
Pinta a série “Uma Série Masculina", no entanto a figura representada é uma mulher.
Em seguida, produz A Pomba (The Dove), série de 14 pinturas, intimamente relacionadas com São Jorge, porém, o dragão é transformado… Anos depois Hilma explica a série: “Quanto mais São Jorge luta contra o grande dragão, mais forte ele se torna; a besta é derrotada apenas com pensamentos voltados para dentro, em busca de ajuda celestial.”
Pinta a série Retábulos (Altarpieces), 3 pinturas grandes, de 2,40 por 1,80, elas contém a roda budista de dharma (ciclo de morte e renascimento), conforme aparece no livro de Charles Leadbeater: Homem visível e invisível. Elas foram feitas com têmpera, tinta óleo e folha de ouro. Leadbeater foi um britânico, grande expoente da sociedade Teosófica.
Completa o ciclo Pinturas para o Templo, que agora compreende 193 obras. Foram pintadas em 9 anos… de 1906 a 1915 (dos 44 aos 53 anos).
Aluga novo ateliê em Estocolmo (1915–16).
A primeira guerra mundial estava explodindo…Suécia se manteve neutra.
54 anos:
Wassily Kandinsky visita Estocolmo e realiza uma exposição. Não há registros de Hilma sobre isso.
Hilma vai contra o zeitgeist: enquanto a vida artística está cada vez mais viva em Estocolmo, ela decide se mudar permanentemente para a casa de Munsö.
Af Klint cria a série Parsifal. São 144 aquarelas que misturam pinturas abstratas e representacionais. Uma delas mostra um embrião que matura como menino e depois como menina: ele também é um ser dual. Julia Voss destaca que a bissexualidade é expressa por af Klint.
Hilma cria rascunhos de como seria o estúdio a ser construído ao lado da casa de Munsö. A ideia era ter um espaço compartilhado para ela e as amigas. O prédio teria um formato oval, com paredes arredondadas.
55 anos:
A construção de seu estúdio na ilha de Munsö é concluída, Hilma pega dinheiro emprestado com Anna Cassel para este empreendimento - isso gera uma tretinha entre elas, pois Hilma achava que Anna tinha que pagar e não emprestar, visto que a ideia foi de ambas, mas só Anna tinha os meios. Para pagar a dívida, Hilma até vende cotas da propriedade de Munsö para algumas integrantes do grupo As Cinco.
O estúdio tem espaço para acomodar as pinturas para o Templo: a série As 10 Maiores, que ficaram penduradas nas formas curvas dos pilares, enquanto nas paredes ficaram: Caos Primordial, Eros, Pinturas de Grandes Figuras, Evolução. O Cisne e A Pomba são apresentados em cavaletes. No apartamento do segundo andar ficam as séries Feminina e Masculina, bem como outras obras da época da academia de belas artes.A fachada foi projetada em estilo gótico, com janelas em arco e um portal duplo pontiagudo. O edifício foi pintado de vermelho, como era costume na Suécia para casas de madeira, e as cornijas foram pintadas de preto.
Ela se aproxima de Thomasine Anderson, a número 13 no grupo delas.
Pinta a série O Átomo.
Entre 55 e 56 anos escreveu um volume de duas mil páginas intitulado Estudos sobre a Vida da Alma (Studier över Själslivet). Novamente ela discute sobre a divisão da humanidade em homem e mulher e a necessidade de superar essa dicotomia num nível mais alto, no nível espiritual. Ela escreve sobre mulher-homem e homem-mulher e as aparências externas enganosas dos sexos. Citando uma parte: “Vou começar com uma nota lateral de grande importância. Muitos que lutam neste drama estão vestidos com as roupas erradas. Muitos trajes femininos escondem um homem. Muitos trajes masculinos escondem a mulher." Ela chama este trabalho de “o quinto evangelho". Nada modesta…
56 anos:
Muda-se para Munsö com sua mãe e com a enfermeira Thomasine Anderson, que se torna sua amiga e companheira por toda a vida, além de ajudar Hilma muito com sua arte. Thomasine era enfermeira e falava alemão fluentemente. Isto foi decisivo para que Hilma estudasse mais Antroposofia e também para que seus textos fossem traduzidos do suéco para o alemão. Thomasine tinha treinamento em ciências biológicas e medicina. Foi tutora de Hilma em botânica, utilizando nomes das plantas em latim, bem como listando suas substâncias ativas e poderes curativos.Havia falta de alimentos na cidade, em função da Guerra, e em Munsö a situação era um pouco melhor.
O grupo As Treze se dissolveu, em função da mudança de Hilma para Munsö… Hilma recebe uma carta de 6 páginas de Sigrid Hermström, acusando ela de dissolver o grupo pois todas gostariam de estar reunidas na casa, como sempre faziam… Não se tem registros da resposta de Hilma, se é que houve… Mas em 1943 Hilma escreveu algumas notas admitindo que foi ela que destruiu o grupo…
Nono setênio - 56 a 63 anos
58 anos:
Sua mãe faleceu.
Recebe uma herança.
Começa a uma série de artigos e textos, escritos em alemão com a ajuda de Thomasine, com o foco na relação com a Sociedade Antroposófica.
Cria o "museu na mala”: fotografa mais de 200 de suas obras e faz réplicas das pinturas em miniatura, em aquarela, descrições escritas em vermelho, em alemão, por Thomasine. Este material é organizado em 10 álbuns no formato paisagem. Mais 3 álbuns com as pinturas de Anna Cassel. Ou seja, ela se preparou para mostrar toda sua obra fora do seu estúdio…e a sua meta era Steiner.
Começa a criação de Flores, Musgos e Líquens, em colaboração com Thomasine Anderson, escrita em alemão. Neste trabalho, segundo Julia Voss, ela conectou a espiritualidade com a natureza; para Hilma, compreender as plantas era uma forma de compreender a nós mesmos. Ela escreveu:"Atrás da força efervescente da planta está escondido o calor do sentimento, por trás da mobilidade do animal está a força do pensamento.Pensamento e sentimento estão unidos na gravidade da pedra." Este livro misturava arte e ciência. Continha desenhos muito delicados e também diagramas. Parece um livro de horas.
Af Klint cria a Série II (O ponto de vista atual dos Mahatmas), um conjunto de obras sobre diferentes religiões do mundo.
Primeira visita ao Goetheanum - Em outubro, faz sua primeira viagem a Dornach, na Suíça, acompanhada de Thomasine Anderson — até 1930, farão mais oito dessas viagens. Ela leva o “museu na mala", porém não consegue falar com Steiner. Antes desta viagem, escreve em suas anotações: “quanto mais viva for a vibração dos pensamentos, mais flexível se torna a vida na Terra, qualquer um poderá trabalhar a matéria com a sua imaginação".
Tornou-se membro vitalício da Sociedade Antroposófica em 20 de outubro.
De volta a Suécia faz uma imersão nos textos de Steiner, inclusive sobre arte - as transcrições são de Thomasine. A verdadeira arte, Steiner disse, revela o mundo do espírito.
59 anos:
Retorna a Dornach com Thomasine. Ficam por 6 meses lá (dez 1921 a jun 1922).
Finalmente consegue mostrar seu trabalho para Steiner. Ele faz poucos comentários, que Hilma registra. Sobre algumas pinturas na série Caos Primordial: os melhores simbolicamente. Sobre a série As Dez Maiores: pertencem ao mundo astral.
Segue estudando as palestras de Steiner sobre arte. Sobre o artista ideal, segundo Steiner, ela anota: “sua obra une a humanidade ao céu".
Começa a estudar Goethe. Escreveu sobre ele: "Goethe começa onde a física termina".
A partir de agora, passa a pintar quase exclusivamente em aquarela, neste ano pintou mais de 70, a série Sobre a Observação de Flores e Árvores. As pinturas são uma tentativa de capturar a imagem antiga das plantas, a forma original e a cor imanente. Esta série especificamente tem muito vermelho… Aqui vemos também, Goethe. Ela pinta aquarelas utilizando a técnica molhado sobre molhado, recomendada por Steiner. Por anos, ela sofreu de dor nas mãos, e foi mais fácil pintar de uma maneira que deixava algumas coisas ao acaso.
Também começa a pintar sem linhas… Ela também pode ter levado a sério um dos princípios fundamentais de Steiner: Steiner queria libertar a pintura da tirania da linha, era para ser completamente colorida.
60 anos:
Voltou a Dornach com Thomasine, em dezembro de 1922, para passar as festividades de Natal no Goetheanum. Na véspera de Ano Novo, o Goetheanum em Dornach é destruído por um incêndio. O incêndio não é mencionado em suas notas…no entanto elas ficaram em Dornach até meados de janeiro.
Ela retornou a Munsö e fez uma pausa, não há imagens no arquivo do ano de 1923.
61 anos: pinturas que mostram órgãos: rins, coração, umbigo, laringe..
62 anos:
Escreve para Rudolf Steiner pedindo conselhos sobre onde suas pinturas poderiam ser úteis: Steiner lhe aconselhou a não destruir as pinturas, pois poderiam ter utilidade. Ele também havia mencionado a manter as pinturas no norte, dando a entender que as pinturas deveriam ficar na Escandinávia.
Steiner morre.
Décimo setênio - 63 a 70 anos
63 anos:
Continua viajando para Dornach de tempos em tempos, buscando atenção e suporte dos antropósofos, porém sem sucesso.
Torna-se membro da Sociedade Rudolf Steiner.
64 anos:
Muda-se para Uppsala com Thomasine Anderson.
Pausa na produção de pinturas…
Começa a editar e revisar seus antigos cadernos, parcialmente em colaboração com Anna Cassel.
65 anos:
É convidada por Peggy Kloppers-Moltzer para ir a Amsterdã, o plano era pegar os álbuns emprestados e tentar aproximação com publicações sobre arte e pessoas do mundo artístico. Não deu em nada e ela começou a pensar em montar uma exposição na Suécia… Peggy - atriz e dançarina, conheceram-se em Dornach, membro da sociedade Antroposófica e que viu os álbuns do museu na mala.
Viajou para Amsterdã em novembro. Muitos desenhos e rascunhos de obras dos velhos mestres: Rembrandt, El Greco, entre outros.
O nome “Kandinsky” aparece pela primeira vez em suas anotações: “Kandinsky, cores puras, planas”.
Doa o caderno Flores, Musgos e Líquens e a série A Árvore do Conhecimento ao Goetheanum em Dornach. O quadro nunca foi exposto lá…
66 anos:
Peggy arranja para que Hilma exponha em Londres, na Conferência Mundial sobre Ciência Espiritual, organizada pela Sociedade Antroposófica inglesa. A primeira resposta é negativa, e a defesa era de que o trabalho de Hilma não era Antroposófico… Mas Peggy defende que o trabalho de Hilma foi feito antes mesmo da Antroposofia existir…Além disso, o trabalho de Hilma era conhecido por Steiner. Peggy foi o maior suporte que Hilma recebeu sobre sua obra.
Enfim, participa da exposição…Goetheanum não se manisfesta sobre… A revista inglesa Antroposofia, sim… E o jornal The Times, de Londres, publica algo falando que as teorias artísticas de Steiner e Goethe eram melhores adaptadas em trabalhos não representativos… e ainda assim não mencionam Hilma… Depois disso ela nunca mais viu a Peggy.
68 anos:
Passa o verão com Thomasine em Munsö e começa a pintar novamente. Ela não produzia fazia 4 anos. Julia Voss escreve: “Ela pintou ondas e vibrações, a aura de flores e alma de plantas, entrelaçando com caracóis preto e branco e figuras históricas". Alguns trabalhos são abstratos e outros representacionais. Desenhos automáticos, a lápis, também retornaram.
Essa época de pausa coincide com suas várias tentativas de montar uma exposição e não dar certo: dornach, amsterdam…
Última visita a Dornach, para ver o novo Goetheanum. Ela escreve: “O destino da sociedade antroposófica está selado".
Recebe mensagem dos guias espirituais: Você quer aceitar uma tarefa por meio de seus amigos e guias, que estão invisivelmente presentes? E a resposta dela é: “se esses guias estiverem associados ao Dr. Steiner e servirem às suas crenças e eu for capaz de aceitar a tarefa, estou disposta a tentar.”
O Museu Guggenheim estava sendo concebido por Hilla von Rebay (1890-1967), que o descreveu como “um templo de não representação e reverência”. Rebay era inspirada pelas mesmas pessoas que inspiravam Hilma: Annie Besant, Blavatsky e Steiner… Hilla era francesa de nascença, e foi uma artista abstrata, que influenciou Solomon Guggenheim sobre a importância da arte abstrata…
69 anos:
Desenvolve esboços para um edifício (o tempo pras pinturas) em forma de espiral destinado à ilha de Ven, em Öresund. Este local teria sido um antigo observatório medieval de astronomia, construído por Tycho Brahe, considerado um pioneiro na astronomia (Hilma tinha um livro dele). Ao longo dos anos, elaborou muitos outros desenhos e anotações para esse projeto.
Sofria de um debilitante reumatismo, mesmo assim recebeu mais tarefas dos espíritos para pintar pinturas grandes, e declinou… Mais tarde ela escreveu: Eu nunca conseguiria fazer… Os últimos trabalhos grandes dela haviam sido pintados mais 15 anos antes…
Muda-se com Thomasine Anderson para Helsingborg, no sul da Suécia, que fica no estreito entre Suécia e Dinamarca e onde a ilha de Ven está contida. O tempo era um pouco mais ameno lá.Mais perto da Dinamarca, desenvolveu interesse pela cena artística de lá.
Hilma escreveu para Ilona Harima, descrevendo as obras espirituais que ela começou a pintar em 1906. Ilona Harima (1911-86) - As pinturas de Harima foram influenciadas pelo hinduísmo e pelo budismo, mas, ao contrário das de Hilma, eram representativas.
~Uma outra carta, que não deu pra ver o remetente, falava a respeito do trabalho de Martinus Thomsen (1890-1981), conhecido profissionalmente como Martinus. O artista e escritor dinamarquês acreditava, como Hilma, na evolução da alma no mundo espiritual e em múltiplas encarnações. Sua magnum opus, Livets Bog (O Livro da Vida), foi publicado em 1932 e compreendia sete volumes com ilustrações elaboradas. As imagens de Martinus são não representativas, coloridas e geométricas. Hilma possuía o primeiro volume, e o autor da carta apontou semelhanças entre o trabalho de Martinus e o dela. A pessoa ficou "muito satisfeita" que Hilma concordou com essa avaliação."~
70 anos:
Marca muitos cadernos e trabalhos, inclusive os “Livros Azuis” com o símbolo “+x”, indicando que não devem ser vistos até vinte anos após sua morte.
Escreve sobre seu plano de construir “um museu para mostrar o que está por trás das forças da matéria” e pinta as aquarelas Um Mapa – Grã-Bretanha / O Blitz e A Eclosão da Guerra na Espanha e as Batalhas Navais no Mediterrâneo. Essas pinturas de 1932 representam alguns fatos da Segunda Guerra Mundial (1939-45). Ela mostrou ao seu sobrinho Erik af Klint, que era militar da marinha.
Pintava cerca de 50 ou 60 aquarelas por ano no começo dos anos 30.
Décimo primeiro setênio - 70 a 77
71 anos:
Sonha que as mulheres vão salvar o mundo.
Recebe msgs sobre os líderes alemães: "Göring é uma representante da grosseria, Hitler de um desejo de governar as massas"...Em seu caderno de 1934-35 está uma descoberta incomum: uma pequena fotografia de jornal de Adolf Hitler. Hilma não tinha o hábito de manter imagens de políticos, e ela provavelmente usou isso para perguntar a seus guias espirituais sobre Hitler. "Você receberá conhecimento de onde vêm os homens da Alemanha que são líderes", ela registrou em julho de 1934, e a resposta seguiu na seguinte linha: "Hitler nasceu depois de 1600 em um harém". Göring, foi dito a ela, tinha sido um eunuco, e Goebbels um escravo. Todos eles sofreram de "megalomania".
72 anos:
Pinta as formas-pensamento dos seres espirituais Ananda, Gregor, Georg e Amaliel. Vendeu todas as cotas da propriedade de Furuheim para Anna Cassel.
Muda-se para Lund com Thomasine Anderson.
Lia muito sobre assuntos espirituais: rosacruz, hinduísmo e antroposofia - lia tudo de Steiner. Tinha muito material dele e deixou tudo para a universidade de Lund, onde ainda hoje é possível folhear seus livros e ler suas anotações e marcações nas obras de Steiner.
Hilma e Anna Cassel revisaram e destruíram muitos dos cadernos. Alguns eram passados a limpo e o original destruídos…
Escreveu em um caderno uma lista de visionários Cristão, que incluem, entre outros nomes: Hildegarda de Bingen, Brígida da Suécia, Veronica - vera icon…
No mesmo período escreveu uma lista com as letras que aparecem em seu trabalho…no entanto não pode ser considerado um dicionário, pois a mesma combinação de letras aparecem muitas vezes e sempre com significados diferentes.
75 anos:
Dá uma palestra na Sociedade Antroposófica em Estocolmo, em 16 de abril, a convite deles. Defende a legitimidade de seu método mediúnico e insiste que ele é compatível com os ensinamentos de Steiner. Nessa palestra ela explica: "Toda vez que eu conseguia executar um dos meus esboços, minha compreensão do homem, animal, planta, mineral, sim, da criação em geral, ficava mais clara. Eu senti que estava livre e elevada acima da minha consciência mais limitada."
Pessoas da sociedade antroposófica de Estocolmo começaram a se interessar em conhecer seu trabalho e visitaram seu ateliê em Munsö, onde suas pinturas estavam penduradas desde 1917 (há 20 anos).
Novo amigo, Olof Sundstrom, antroposofista, artista e escultor… se interessou muito pelo trabalho de Hilma e ajudou ela em algumas palestras, conseguindo fazer, a pedido de Hilma, alguns slides para projetar as imagens de suas pinturas… Após sua morte, é ele quem se muda para Munsö, para em 3 meses organizar, catalogar e empacotar tudo para levar ao sótão do apartamento de Eric af Klint…
Anna Cassel morreu.
76 anos:
Erik af Klint (1901–1981), seu sobrinho, a visita em 20 de agosto de 1938. Ela lhe mostra Pinturas para o Templo e outras obras em seu ateliê em Munsö, explicando seu significado.
Sua irmã Ida morre e Hilma ganha uma herança.
Décimo segundo setênio - 77 a 84 anos
78 anos:
Thomasine Anderson faleceu. Hilma escreve sobre ela: “Eu irei até você, assim que me chamar, ficarei feliz. Quero que, quando eu dormir, meu lado direito toque o seu esquerdo, e assim caminharemos juntas em direção ao cume da luz.”
Hilma não estava pintando por vários anos… Ela tinha problema nos olhos… Mas ela escrevia todos os dias em seus cadernos, geralmente a lápis. Os cadernos não contam da vida cotidiana… eles contam sobre as experiências astrais.
Contato com Tyra Kleen - artista simbolista 12 anos mais jovem … elas se conheciam superficialmente desde a época da Sociedade Edelweiss e também da Associação de Mulheres Artistas. Registros nos diários de Kleen apontam troca de correspondência. Tyra mostrou muito interesse no trabalho de Hilma e tentou aproximar-se para uma possível colaboração entre as duas. Hilma não respondeu. Nos cadernos de Hilma aparece que ela fez um rascunho de carta, que depois cruzou com um X (ou seja, nunca mandou uma resposta deixando o silêncio).
79 anos:
Retomou pinturas em aquarela.
Pinta uma série sobre o Goetheanum. Julia Voss escreve:“Na primeira imagem, o edifício de madeira do primeiro Goetheanum é mostrado com uma família de cisnes nadando em direção a ele. Na próxima imagem, o edifício está envolto em chamas e os pássaros afundam na água. No trabalho final, o segundo Goetheanum é mostrado: angular, maciço e feito de concreto, com os cisnes mortos diante dele." De acordo com a série, a Sociedade Antroposófica em Dornach foi destruída quando o primeiro Goetheanum queimou. O novo prédio erguido após a morte de Steiner não conseguiu cumprir a tarefa de continuar seu legado. O cisne, antigo símbolo da união de opostos, o pássaro que reúne os elementos da água, da terra e do ar, estava morto.”
Também pintou aquarelas que retratam espíritos da natureza. Registrando que Steiner (morto há anos) havia auxiliado com a coloração, e indicado vermelho e verde na composição.
Redige seu testamento, deixando tudo para seu sobrinho Erik af Klint: trabalhos artísticos, espirituais, fotografias e cadernos. Os livros em alemão foram para a biblioteca da Universidade de Lund. E os livros em suéco para a biblioteca pública de Lund. Ela pede que se nenhuma outra atitude for tomada que o legado dela deve ir para a Sociedade Antroposófica.
Hilma pediu em seu testamento para ser enterrada ao lado de Thomasine, no cemitério de Malmo.
81 anos:
Escreveu 4 cadernos em 1944, antes de falecer.
Recusa uma oferta da artista Tyra Kleen para guardar Pinturas para o Templo em um novo edifício da Fundação Protestante de Sigtuna. Em carta, escreve que “colocar isso nas mãos de pessoas que não são inclinadas à antroposofia” seria impossível. Ela escreve para Kleen: “Meu trabalho pode ser mais um fardo do que um prazer para o bispo.”
É chamada de “mística” por seus embaixadores espirituais.
Em agosto, muda-se para a casa da prima Hedvig af Klint em Djursholm-Ösby, subúrbio de Estocolmo.
Morreu em 21 de outubro (faltando 5 dias para completar 82 anos) após um acidente de bonde.
A última frase de seu caderno é: “você tem o serviço aos mistérios diante de você e logo entenderá o que é exigido de você”.
Seu sobrinho Erik af Klint herda suas pinturas, cadernos e documentos — cerca de 1.300 obras e 124 cadernos totalizando mais de 26 mil páginas manuscritas e datilografadas.
Ela não foi enterrada ao lado de Thomasine e sua obra não permaneceu no ateliê de Munsö, que teve que ser destruído…
Considerações importantes, segundo a escritora Julia Voss:
O antroposofista e historiador de arte Åke Fant ( Hilma af Klint secret paintings) criou a narrativa de que Hilma não queria mostrar os trabalhos astrais dela… o que é uma distorção dos fatos, pois ela passou a vida em busca de oportunidades para mostrar eles…Como as tentativas de 1913 (51 anos) em Estocolmo e depois com sucesso em 1928 (66 anos) em Londres. Foi aos 70 anos, em 1932, que ela decide marcar os cadernos e trabalhos com o sinal +x, para que só fossem divulgados 20 anos após a sua morte.
Criada como protestante, ela se interessou pela doutrina Rosacruz, pela Teosofia, pela Antroposofia, mas acima de tudo ela tinha sua própria cosmologia espiritual, que evoluiu durante sua vida.
Tinha uma visão de mundo holística. Interessava-se por assuntos do espírito tanto quanto por assuntos científicos, como mostra seu trabalho de desenhos anatômicos em cirurgia de cavalos, e depois suas séries Evolução (46 anos) e Átomo (55 anos).
Bibliografia:
Hilma af Klint a biography - Julia Voss, Alemanha, Edição em Inglês da The University of Chicago Press, 2022.
As cores da alma: a vida de Hilma af Klint - Luciana Pinheiro, Brasil, Edição de 2023.
Consultas online:
Vídeo Catedral de Estocolmo: https://www.youtube.com/watch?v=WLYP-nu6aRo
Documentário:
Por Halina Dyrschka, Alemanha, Outubro de 2020
https://www.youtube.com/watch?v=la_oN5xn6sc - disponível gratuitamente no You Tube da Inglaterra com VPN para o Reino Unido.
Podcasts:
Em inglês, com a participação da Julia Voss.
Em inglês, com a participação de Tracy Bashkoff, curadora da exposição de Hilma af Klint no Guggenheim de NY.
Em português, com Luciana Pinheiro.
Comentários